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ESG é destaque em confinamentos da Bahia e Norte de Minas

Confinamentos destacam-se pelo uso de tecnologias, estratégias de adaptação ao clima semiárido e práticas sustentáveis, impulsionando a pecuária e fortalecendo a economia regional
rural brejolândia

Bahia e a região norte de Minas Gerais foram os destinos da equipe da pesquisa-expedicionária Confina Brasil na semana entre 9 e 13 de setembro.

Zootecnistas, veterinários e consultores especialistas da Scot Consultoria, que organiza a expedição, estiveram em nove fazendas em cinco dias, coletando dados sobre nutrição, sanidade, tecnologia, gestão, bem-estar animal e sustentabilidade, além de identificarem as principais características do setor em termos de gestão e manejo.

O grupo de pesquisadores enfatiza o interesse dos confinadores baianos e mineiros por novas tecnologias, os pecuaristas visitados demonstraram estar abertos às inovações que podem agregar na produção, além de esboçar preocupação com práticas sustentáveis.

Um dos principais destaques desta rota foi a capacidade de adaptação dos confinamentos à realidade desafiadora da pecuária, especialmente diante das condições climáticas da região. A necessidade de adoção de novas tecnologias se tornou ainda mais evidente, com os pecuaristas reconhecendo que esses avanços são essenciais para manter e aumentar a produtividade. A busca por inovações se mostrou indispensável não apenas para enfrentar os desafios climáticos, mas também para garantir a sustentabilidade e a competitividade no setor.

Clima semiárido exige adaptações no sistema produtivo

O termo “coração baiano” se refere à região central da Bahia, que abrange áreas como o semiárido e o cerrado baiano, com chuvas irregulares concentradas em curtos períodos e longas estações secas, as condições são desafiadoras.

A Fazenda Itaúna se destaca como exemplo de resistência e inovação no setor agropecuário. Localizada em Iuiu, os proprietários adotaram pivôs centrais como uma solução estratégica, viabilizando a produção de soja e milho nas áreas irrigadas e mantendo a recria de bovinos nas áreas de sequeiro. Durante os períodos de seca, o confinamento é uma ferramenta crucial para garantir o desempenho e a terminação dos animais.

O milho cultivado na safrinha é destinado integralmente à silagem, insumo essencial para a composição do volumoso fornecido no confinamento. Além do milho moído e silagem de milho, o caroço de algodão é incorporado como uma fonte proteica estratégica. A Bahia é o segundo maior produtor de algodão do Brasil, tornando o insumo estratégico na nutrição de bovinos na região, viabilizando uma proteína de bom custo-benefício e otimizando a eficiência do sistema. 

Já na Fazenda Palmito II, localizada em Correntina/BA e pertencente ao Grupo GM, para driblar questões climáticas da região, os gestores adotaram inicialmente o sistema de Terminação Intensiva a Pasto (TIP), que combina a intensificação com o manejo a pasto.

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Foto por: Bela Magrela

Em períodos de seca severa, a lotação da TIP precisa ser reduzida, assim como a recria feita a pasto, onde é adotada a estratégia de resgate no confinamento para aliviar as pastagens e garantir o desempenho do rebanho.

Outro exemplo de adaptação e inovação no cenário desafiador do semiárido brasileiro é a Fazenda Rural Brejolândia, situada em Sítio do Mato/BA. Por lá, os gestores optaram por um tipo diferente de silagem, fazendo uso do capim Andropogon, conhecido por sua adaptabilidade a solos pobres e climas secos, sendo comumente utilizado em sistemas de pastagem em áreas de cerrado e semiárido. 

Outra particularidade regional foi identificada na Agropecuária Vista Alegre, na cidade de Rio do Pires/BA, que utiliza a palma como um dos insumos principais na dieta do gado. A palma forrageira é uma cactácea com alta capacidade de armazenamento de água, vegetação adaptada à região semiárida brasileira. Apesar de rica em carboidratos não fibrosos, possui baixo teor de proteína e fibra, sendo utilizada em associação com outras fontes de volumoso e concentrado. 

Tecnologias e inovações que diferenciam confinamentos no mercado

A rota do Confina Brasil começou a semana visitando um dos maiores confinamentos de gado do Nordeste: a Captar Agrobusiness, na cidade de Luís Eduardo Magalhães/BA. Mesmo contando com uma grande capacidade estática, os gestores possuem planos de expansão nos próximos anos.

O investimento em tecnologia é uma das estratégias para alcançar essa meta. Em parceria com a Nutron, o confinamento utiliza drones para monitoramento diário dos bovinos e das sobras de alimento nos cochos, garantindo ajustes finos na dieta e minimizando desperdícios. A ferramenta permite monitorar o rebanho, sendo possível realizar análises de desempenho, bem-estar animal e até a detecção precoce de problemas, como doenças, animais refugos de cocho etc.

Outra propriedade “fora da curva” quando o assunto é inovação entre os confinamentos baianos é a Fazenda Ana Terra, do Grupo Stracci, localizada em São Desidério/BA.

O modelo de operação do confinamento é voltado exclusivamente para a produção de fêmeas angus. Na estratégia, as novilhas são inseminadas por volta dos 270 kg, entre 12 e 13 meses de idade. Após a gestação de nove meses, elas dão à luz bezerros que são desmamados aos 3 meses, e então são abatidas em seguida. Já os bezerros desmamados: se forem machos, são mantidos em confinamento até os 6 meses e vendidos; se forem fêmeas são avaliadas para voltar para o mesmo ciclo de reprodução ou apenas serem engordadas e abatidas.

Trabalhando com as chamadas “precocinhas”, esse sistema garante alta produtividade. Podemos dizer que a fêmea deixa “dois bezerros ao ano”, pois além do bezerro que será engordado e terminado, a fêmea também ganha peso durante a gestação e vai para o gancho após a desmama do bezerro, conseguindo se enquadrar em um nicho específico de mercado, garantindo bonificações pela excelência no grau de acabamento e precocidade.

Inovação unida à sustentabilidade e à responsabilidade social

Em Minas Gerais, a equipe do Confina Brasil visitou também duas propriedades que se destacam na região de São João da Ponte.

A Fazenda Carapreta é uma grande referência no setor agropecuário brasileiro pelas suas práticas produtivas e sustentáveis. Sua estrutura integra diversas cadeias produtivas, como piscicultura, ovinocultura e bovinocultura, apostando em uma gestão inovadora e comprometida com o meio ambiente.

A fazenda opera em um sistema cíclico onde resíduos de uma cadeia produtiva são aproveitados em outra. Um exemplo é o uso da água da piscicultura para fertirrigação nos pivôs de plantio, cuja produção de milho é utilizada como silagem para alimentar o rebanho confinado. Além disso, os dejetos dos ovinos e bovinos são destinados a biodigestores que geram biogás, convertido em energia limpa para a fazenda, e também o composto destinado à fertirrigação das lavouras, fechando o ciclo produtivo.

A sinergia entre as diversas atividades produtivas, a valorização da equipe e a preocupação com a sustentabilidade tornam a Fazenda Carapreta um verdadeiro exemplo de inovação no agronegócio brasileiro.

confinamento carapreta
Foto por: Bela Magrela

Não só referência em sustentabilidade, a fazenda reafirma sua responsabilidade social com os funcionários e prestadores de serviço através da implantação de uma infraestrutura completa, desde escolas para as crianças até ambulatórios com direito a dentista dentro da fazenda. A empresa ainda possui práticas conscientes de manejo racional na operação de todas as categorias, contando com certificações oficiais do Instituto Certified Humane Brasil, órgão representante na América do Sul da Humane Farm Animal Care (HFAC).

Vizinha da Carapreta, a Fazenda Diamante do Rio Verde também impressiona por sua abordagem inovadora e sustentável. Com foco na recria e engorda, preserva um pequeno plantel de vacas para manter a genética de qualidade que a fazenda sempre cultivou.

O diferencial da propriedade, entretanto, está no projeto de estoque de carbono, que consiste na intensificação e na melhoria do manejo para recuperar pastagens degradadas e aumentar a produtividade.

Ao longo de 2 anos têm sido feitos acompanhamentos e medições da evolução da recuperação do pasto e da retenção de carbono no solo. Se, ao final do projeto proposto à certificadora dos créditos, a área produtiva apresentar um estoque de carbono maior do que no início do projeto, essa diferença pode ser convertida em créditos de carbono que podem ser comercializados no mercado, oferecendo uma nova fonte de receita para o proprietário. 

Esse projeto exemplifica a crescente tendência de integrar a produção pecuária com práticas sustentáveis, refletindo um compromisso dos produtores com a recuperação ambiental e a eficiência econômica de seus sistemas.

Cooperação para fortalecer a pecuária regional

Um movimento interessante proposto pela Captar Agrobusiness, de Luiz Eduardo Magalhães/BA, é fortalecer a agricultura e pecuária regionais, criando projetos que ultrapassam os limites da fazenda, refletindo no desenvolvimento de toda a região.

Uma dessas ações é compartilhar conhecimentos com confinamentos vizinhos, levando informação para outros produtores. Os gestores realizam estudos e testes nutricionais em baias específicas, seja o uso de aditivos na alimentação ou emprego de novas tecnologias, depois compartilham os resultados com outros produtores. A ideia é gerar e disseminar informações para fortalecer o setor pecuário na região.

Outro exemplo é o projeto de doação de dejetos do confinamento. Pequenos e médios produtores, assim como agricultores familiares, podem acessar esses insumos gratuitamente, desde que comprovem o uso agrícola.

A empresa também planeja projetos futuros de integração genética com outros produtores da região. A ideia é inseminar novilhas ainda dentro do confinamento, com o objetivo de enviá-las para parceiros para a parição e recria dos bezerros que, depois, serão devolvidos para o processo final de confinamento.

Outro aspecto que destaca a Captar na região é seu programa de estágios, que atrai estudantes de diversas faculdades para vivenciar o dia a dia da operação. O programa inclui passagem por diversos setores da empresa, motivando jovens a se dedicarem à agropecuária.

Esses projetos impactam ambientalmente, socialmente e economicamente toda região, fortalecendo a economia local e criando um ambiente de cooperação em que pecuaristas compartilham recursos, informações e técnicas.

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Foto por: Bela Magrela

Em resumo, as propriedades visitadas na última semana pelo Confina Brasil têm como um dos seus diferenciais a abertura para o conhecimento, buscando constantemente melhorias para aumentar a eficiência de suas operações. Possuem também o interesse em ações sustentáveis e de fortalecimento local, compreendendo a importância da sinergia entre meio ambiente, questões sociais e produção.  

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